O NASCIMENTO DOS MILITARES, O SISTEMA ESTAMENTAL E O SENTIMENTO LATENTE DE RIVALIDADE E DESCONFIANÇA
“(…) a ubiquidade de
uma ideia, para falar a verdade, não prova nada, nem mesmo é motivo de
probabilidade de sua validade”
“(…) conseguir que a grande mídia amplifique rumor e desinformação é o objetivo último daqueles que querem manipular.”
O NASCIMENTO DOS MILITARES, O SISTEMA ESTAMENTAL E O SENTIMENTO LATENTE DE RIVALIDADE E DESCONFIANÇA
A ORDENAÇÃO SOCIETAL HIERÁRQUICA e interação entre os elementos nas Forças Armadas brasileiras se dá como em um sistema estamental ou de castas.
Ambos os sistemas não permitem mobilidade de indivíduos entre as diversas castas.
Há baixíssima mobilidade entre as classes e é impossível não perceber um sentimento latente de rivalidade e desconfiança entre os grupos.
Bem recentemente, em público, o que é raro, um oficial general disse que os “estamentos muito inferiores” das Forças Armadas jamais poderiam esclarecer a sociedade sobre como se dá o processo de elaboração de reajustes nos soldos e vantagens acrescidas aos salários.
Se o “nascimento” do militar, que é o ingresso na força, se dá numa academia que permite ir até o topo da hierarquia, como a AMAN ou a Escola Naval, ele será sempre tratado como um príncipe e circulará a vontade entre estes. Afinal, é alguém com potencial para um dia ser rei.
Se o individuo ingressou por uma entrada “lateral”, passou em um concurso para oficial após se graduar numa universidade civil, é um oficial “complementar”, ele será visto como um daqueles falsos nobres do passado, que compravam o próprio título de nobreza, como barão, duque, conde ou visconde. Esse tipo é suportado e em algumas ocasiões transita entre os príncipes, frequenta os ambientes adornados com ouro, mas nunca será visto como parte daquele grupo dotado de sangue real.
Há subgrupos, como os oficiais temporários.
Há o tipo que tem o início de sua vida militar em um centro de formação de praças, e um subgrupo, que ingressou pelo serviço militar inicial. Exatamente como ocorria na Índia, onde tribos inteiras eram presumidamente incapazes, rebeldes, predatórias ou bárbaras e adicionadas à lista de castas com potencial de rebelião ou de cometer crimes, esse grupo em certos locais é o único que sofre inspeções de bolsas, é obrigado a deixar o automóvel do lado de fora do quartel e – às vezes - considerado indigno até de uma alimentação similar àquela proporcionada àqueles que ocupam o topo da estrutura.
Já houve reajustes de salários que contemplaram esse grupo com percentuais menores, como se fossem menos dignos de ter o poder aquisitivo aumentado. Alguns conseguiram reaver o que perderam, mas qualidade de vida são se repõe, o tempo não regride. Pesquise sobre o 28.86%.
Muito recentemente, você sabe, isso novamente ocorreu. Daí aquela balburdia toda em 2019.
Assim como ocorria na Índia, a coisa é centenária, histórica, e a maior parte dos membros desses grupos interage sem se dar conta de que certos tipos de segregação, discriminação e tratamentos estão completamente descontextualizados e são desnecessários para que se mantenham de pé hoje em dia os pilares institucionais, disciplina e hierarquia.
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