Os generais querem de qualquer jeito aparecer. Na reserva eles não possuem autoridade alguma, mas lutam com todas as suas forças para alcançar algum destaque e... consequentemente, cargos e/ou votos.
Mais uma vez generais na reserva tentam atear fogo no
cenário político. Dessa vez foi o general Paulo Chagas. O militar foi um dos
poucos oficiais mal sucedidos nas eleições passadas. Ao concorrer ao cargo de
governador do Distrito Federal o candidato Paulo Chagas conseguiu a “façanha”
de receber, mesmo apoiado por Jair Bolsonaro, apenas 7% dos votos válidos. O
Distrito Federal é um dos locais onde existem mais militares no país e onde
Jair Bolsonaro recebeu 70% dos votos.
As últimas declarações de Paulo Chagas nas redes sociais são
diametralmente opostas ao que tem sido dito pelos ministros militares de Bolsonaro.
Ele tenta mais uma vez levar a população a crer que os militares são
responsáveis por tutelar a sociedade e a classe política. Chagas se posiciona
também de forma contraria ao que o ex-comandante do Exército disse durante todo
o período em que esteve a frente da Força Terrestre. Villa Bôas reiteradamente declarou
que a sociedade brasileira não precisa ser tutelada e que as Forças Armadas não
têm essa função.
As postagens dessa
sexta-feira de Paulo Chagas no twitter:
“É justo e lógico q as FA se
mantenham em condições de exercer o Poder que, na constituição do Império, era
do Imperador - o Moderador -, cuja função era prevenir as situações como a de
anomia, cuja gravidade e possibilidade de ocorrência é ignorada pelos Supremos
Juízes do STF.” E
“É certo dizer q a CF/88 ñ dá o Poder
Moderador às FA,mas é licito,lógico, inteligente e patriótico entender q lhes
cabe a função de prevenir,alertar e evitar o estado de anarquia q a vaidade e a
irresponsabilidade das autoridades q ultrapassam os seus limites estão a
promover!”
Paulo Chagas está errado, as Forças Armadas não têm o papel
de prevenir alertar ou intervir no momento político atual. O que seria isso
senão exercer um poder moderador? Não existe isso atualmente no país. As instituições
militares são constitucionalmente subordinadas a todos os poderes e SOMENTE
podem agir no que diz respeito à garantia da lei e da ordem se assim for
DETERMINADO por um deles. Portanto, não tem papel algum se assim não lhes for
determinado.
“...à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa
de qualquer destes, da lei e da ordem...”
O que o oficial general quer é – assim como outros linguarudos
espertalhões que têm pretensões políticas – aumentar o status das Forças Armadas justamente
onde não é seu lugar, no universo da política. Durante muito tempo em passado recente, quando não se intrometiam nesse tipo de assunto, as forças armadas sempre se mantiveram no
topo da preferência nacional. Justamente agora, no momento em que os generais mais
aparecem como atores políticos, é que o status das forças armadas têm sido
atirado na lama e dia após dia se vê oficiais envolvidos em bate boca com políticos, jornalistas e até autodeclarados filósofos exilados.
As instituições militares no momento estão intimamente associadas ao governo atual, e –
sem discutir se o governo é bom ou ruim – definitivamente FORÇAS ARMADAS não
podem ser confundidas com instituições de governo e a médio e longo prazo isso deve ser extremamente prejudicial para as instituições.
O que muitos generais da reserva definitivamente desejam é aparecer bastante,
aproveitar o momento para conseguir um carguinho e/ou se lançar na política no
futuro próximo. Exatamente como fez Hamilton Mourão, Girão, Marcos Pontes, Peternelli e tantos outros.
Lutam para estender ao máximo esse período polêmico e confuso em que todo mundo
quer ouvir as palavras de algum militar, principalmente se for general.
Generais exercendo a atividade militar são muito bons, na reserva eles são bons calados, não falam em nome das forças e muito menos em nome dos militares.
Robson Augusto é jornalista, sociólogo e suboficial na
reserva.
Quero ver conseguirem votos de praças depois dessa lei covarde, a 13.954/19.
ResponderExcluirSe bem que sem noção tem um monte, infelizmente.