Sem essa de Partido Militar - Os generais querem é dinheiro, não importa o partido ou a ideologia
Recentemente fui assombrado por uma série de mensagens pelo whatsapp por causa de artigo que publicamos na Revista Sociedade Militar. Ressalto que sou o administrador, não escrevo todos os textos.
Esse artigo em particular, escrito por um de nossos
articulistas, não foi um texto muito complexo, apenas deu destaque e transcreveu
pequena fala de uma analista - Karin
Schmalz – no Fair Observer, um periódico não muito conhecido.
O fair observer – imagino
- nem esperava essa repercussão toda. O site teve em outubro cerca de 300 mil
visualizações, a Revista Sociedade Militar, que é um site de nicho, de tamanho
médio, tem em média 10 vezes esse número de acessos.
A analista escreveu
lá, sobre o 8 de janeiro: “Superficialmente,
a insurreição parecia um movimento espontâneo que começou alguns meses
antes e saiu do controle, novamente espontaneamente, em naquela infame tarde de
domingo. Na realidade, os motins de 8 de Janeiro marcaram o culminar de um
processo que durou uma década.”
“Além de todos esses
privilégios, os militares no Brasil vivem em sua própria bolha, desconectados
da vida civil. “
“A relação problemática entre as forças armadas e a política levou-as a apoiar Bolsonaro apesar do seu registo medíocre. Ele aumentou os seus privilégios, proporcionando um caminho menos visível para os militares regressarem como verdadeiros governantes da nação. O antropólogo Piero Leirner chamou de “guerra híbrida para voltar ao poder”, usando Bolsonaro como fachada.”
Karin Schmalz nada mais fez do que aderir a tese do tese do partido militar, que superestima a capacidade dos generais brasileiros a ponto de crer que a ascensão de Bolsonaro é fruto de um longo e intrincado plano de poder, que teria começado há bastante tempo, desde quando Bolsonaro esteve na AMAN em 2014 e foi abraçado por um grande grupo de aspirantes.
Piero Leirner, a quem respeito bastante e com quem vez por outra troco algumas opiniões, é um dos defensores dessa tese de que de fato havia um projeto de poder para restaurar o protagonismo político dos militares.
Particularmente, por conhecer o ethos militar por um prisma bem mais profundo, já que passei mais de 20 anos como militar, discordo dessa tese. Acredito que não foram os generais que alavancaram o político, mas que estes apenas perceberam que as probabilidades de que JB fosse eleito eram bem grandes. Parte significativa da sociedade, incluindo muitos militares na reserva, a partir dos anos Dilma, defendiam a chamada intervenção militar, lá pelos idos de 2015 um boneco inflável de Hamilton Mourão, que mesmo na ativa soltou frases contar Dilma, foi colocado na Esplanada dos Ministérios, muitos exaltavam ainda o general Santos Cruz, grandes acampamentos e manifestações rejeitaram os chamados políticos profissionais e a direita estava acordando, despertando para o ativismo político, coisa que não praticava há muito tempo.
Questionei as FA sobre a punição de Mourão, não houve.
Lembro muito bem que as manifestações anti-Dilma lá pelos anos de 2015 descambaram tão rapidamente para pedidos de intervenção militar que o cantor Lobão teve que abandonar o barco rapidamente, chegando a discutir com Olavo de carvalho, considerado na época como um dos gurus da direita. Em certo momento, citando crítica publicada pela Revista Sociedade Militar, o cantor chamou os pedidos de intervenção de cretinice, Olavo – até então intervencionista declarado – se apressou em dizer que não apoiava intervenção militar.
Desejo pelo protagonismo político... talvez, mas não do tipo que se assenta em cadeiras do executivo por meio de milicadas, queriam o protagonismo do tipo que traz benefícios financeiros. O oficial general é essencialmente um político, ele mantém gabinetes dentro do congresso nacional e não há enfrentamento... o Próprio Villas Bôas admitiu isso ao falar que até ofereciam certos privilégios para ganhar a confiança de políticos...
A nata dos generais sabe aproveitar oportunidades, não querem jamais assumir o país de novo.. .eles sabem que pagariam muito caro por isso. Petrobrás, Telebrás, correios... IBAMA. ICMBIO.. .tudo isso são cargos... tudo isso são salários... o general não quer perder os privilégios... Luna e Silva, por exemplo, chegava a receber mais de 200 mil reais mensalmente na Petrobrás.
Bolsonaro chegou ao poder com o endosso de um ou outro general, assim como o próprio Aécio recebeu o endosso do Clube Militar em 2014... apenas olho em cargos... não em poder.
Portanto... não comungo em hipótese alguma com a tese de que os MILITARES COLOCARAM BOLSONARO no poder e muito menos do tal partido militar... pseudo-especialistas insistiam que Bolsonaro ia apresentar um general como seu sucessor... na verdade ter colocado um general como vice foi um dos principais erros... Braga Netto não atraiu votos... era conhecido e reconhecido como alguém da internet... se houvesse escolhido um nome do nordeste ao invés de permanecer dependurado em generais, Bolsonaro teria sido melhor sucedido.
Um dos primeiros projetos de lei de Bolsonaro em 2019 criou gratificações que aumentaram o salário dos generais, outra das ações iniciais do governo permitiu que militares acumulassem salários e que extrapolassem o teto...
Uma olhadela rápida no currículo do Almirante Leal, ex-comandante da Marinha, demonstra bem a carreira clássica de um oficial general depois do Pijama.
Não suportam na passagem para a reserva a reduzida de cerca de 30% no salário, perder imóvel funcional, motorista particular etc. Por isso fazem política desde o primeiro minuto após receberem suas estrelas no sentido de chegar ao último posto da carreira e – depois disso – assumir cargos comissionados e bem remunerados.
Portanto, não há partido militar, independente do partido o que interessa é levar vantagem da situação.
Em construção
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